Outro dia, eu me peguei pensando como, na geração dos nossos pais e tios, era mais “fácil” gerenciar a carreira. Apesar de a tecnologia já ter começado a dar as caras e reformular o mercado de trabalho desde o “tempo” deles, a fórmula de sucesso no mundo corporativo, para a maioria, era bem parecida: entre em uma boa empresa, trabalhe duro, seja promovido algumas vezes e, décadas depois, vá desfrutar da sua aposentadoria.
Claro que havia (e sempre haverá) alternativas para o plano padrão, mas elas não eram nem de perto tão complexas como as alternativas e caminhos que temos no mundo de hoje. Na verdade, esse mundo é tão diferente que as gerações antigas sequer conseguem compreender como as pessoas trocam de emprego, empresa, camisa e cargos de forma tão frenética e frequente.
Se a gente pegar, por exemplo, a indústria em que eu trabalhei e me formei, de tecnologia, o tempo médio que as pessoas passam nas tais “big techs” (Google, Apple, Facebook etc.) é de menos de dois anos. Olha o contraste com aquele tio, que todos temos, que passou 20 ou 30 anos em um lugar até se aposentar!
Esse é apenas um pequeno exemplo de um mundaréu de coisas que estão mudando. A disrupção está em todos os lados: a tecnologia e a automação avançaram drasticamente, as habilidades necessárias para exercer o trabalho foram viradas de cabeça para baixo, cargos clássicos deixaram de existir, novas funções, com seus nomes modernos, surgem o tempo todo, e até mesmo a forma e o local de trabalho, que já não possuem mais estado definido nem fronteiras, passam por uma revolução.
Vou ser honesto com vocês: eu, hoje, da minha cadeira de especialista em carreira, chego a ficar angustiado quando recebo um mentorado que está totalmente perdido nesse mundão corporativo.
Com tantas coisas acontecendo, tantas mudanças, tantas possibilidades, tantos caminhos, por onde eu devo começar?
Não há resposta fácil para a pergunta acima, mas eu vou deixar duas reflexões:
A primeira delas é que precisamos, algo que a maioria dos nossos pais e tios conseguiu passar sem tanta necessidade, colocar energia no gerenciamento de nossas carreiras. É impressionante como, mesmo com tudo que está acontecendo, poucos profissionais param para refletir, entender, desenhar e influenciar os passos de suas próprias carreiras. Fazer isso pode ser a diferença entre alcançar o sucesso que gostaria — seja lá o que isso signifique para você — ou não. Eu prego aos quatro ventos que todos nós temos o direito de ter uma carreira que nos traga satisfação (se te servir, pode até encaixar a palavra felicidade aqui), mas, para isso, precisamos elevar o nosso nível de consciência sobre o que faz essa satisfação acontecer. Para mim, ela passa pela criação de uma forte mentalidade de entender que eu preciso buscar conhecimento e, de novo, colocar energia para o gerenciamento da minha carreira.
O segundo conselho, ainda mais poderoso, é que não precisamos enfrentar todos esses desafios sozinhos, não precisamos ficar reinventando a roda o tempo todo. Para cada ramo de complexidade que citei acima, há diversos profissionais incríveis que já viveram aquilo e alguns, que possuem alma de mentor, estão dispostos a compartilhar o conhecimento de forma mais estruturada.
Quando eu conheci o Gustavo Sèngès (sigam já!) em uma sessão de mentoria há algum tempo, na hora me dei conta de que estava diante de um desses. Durante nossas conversas, a forma apaixonada com que ele falava sobre o tal “novo mundo do trabalho” — esse lugar sem forma e fronteira definidas, com tantas oportunidades ainda a serem exploradas — era inspiradora.
Eu já tinha perdido a conta de quantos profissionais haviam me procurado nos últimos anos demonstrando seu desejo de trabalhar em empresas no exterior, mas sem necessariamente precisar ir embora do Brasil. Apesar da minha vasta experiência em aconselhar e mentorear esses profissionais, esse é um jogo novo, com seus caminhos específicos, atalhos, macetes e boas práticas que podem ser a diferença entre chegar lá ou não.
Por isso, assim que acabamos uma de nossas primeiras conversas, eu fui atrevido e categórico: Gustavo, você precisa colocar todo esse conhecimento em um livro; o mundo precisa dele! Ele não só escutou o meu conselho como, hoje, fico muito feliz com o nascimento do livro Global workers: escolha seu melhor futuro (conheça aqui!), com um método comprovado e testado que pode ajudar milhares de profissionais a atingirem suas aspirações profissionais e enxergarem oportunidades que sequer imaginavam que poderiam existir.
Que o livro o impressione, inspire e faça pensar — e agir — para conquistar o que quer que esteja em seus pensamentos e coração.
Esse texto é, inclusive, o prefácio do livro, que tive o prazer de escrever.
Boa leitura!