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10 livros de Top Voices e grandes produtores de conteúdo do LinkedIn que você precisa conhecer

Você sabia que há diversos Top Voices do LinkedIn e outros grandes produtores de conteúdo com livros publicados? Quando procuramos um novo livro para ler, muitas vezes vamos atrás dos best-sellers, artigos com os livros mais lidos ou recomendações de amigos. Mas você já considerou prestigiar os incríveis produtores de conteúdo aqui do LinkedIn, que também são autores?

São profissionais que compartilham suas experiências, insights e conhecimentos valiosos conosco todos os dias. Ao comprar seus livros, não só apoiamos seus trabalhos (acredite, vida de produtor de conteúdo é desafiadora e qualquer ajudinha sempre cai bem), mas também temos acesso à suas ideias em maior profundidade.

São livros sobre carreira, liderança, saúde, networking, recrutamento e seleção, trabalho remoto, propósito entre outros.

Confira a seguir e aproveite para seguir cada um deles, eu recomendo:

1- ⭐ Eduardo Felix

Autor do Livro Atrair, Recrutar e Selecionar | Especialista em Recursos Humanos: Talent Acquisition, Recrutamento e Carreira | Influenciador de RH #1 MUNDO (Favikon) #4 Brasil (iBest) | Professor, Mentor e Palestrante

Livro: Atrair, Recrutar & Selecionar: Um Guia Prático de Aquisição de Talentos Um livro direto ao ponto para quem trabalha (ou quer trabalhar) com recrutamento. Eduardo traduz sua experiência em um guia prático que mostra como atrair os talentos certos, fazer um processo de seleção com estratégia e, acima de tudo, com respeito às pessoas. Leitura essencial para quem quer contratar melhor em um mundo onde talento é disputa.

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Conteúdo do artigo
Presente que ganhei do autor!

2- ⭐ Amélie Falconi

Médica da Dor | Intervencionista | Educadora Médica

Livro: Existe vida além da dor: Descubra o caminho para uma vida com mais saúde e menos dor – Neste livro, Amélie combina ciência, sensibilidade e experiência clínica para mostrar que viver com menos dor é possível. Ela convida o leitor a entender a dor como algo que pode ser tratado com estratégia e cuidado — não como sentença. A leitura é um alívio: informa, acolhe e, acima de tudo, mostra caminhos reais para recuperar qualidade de vida.

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3- ⭐ Flavia Perez e Maristela Gorayb

Autoras do livro “A PRIMEIRA-SEGUNDA FEIRA após sua Carreira Executiva” | Mentoras em Gestão de Carreira e Pós-Carreira | Consultoras em Desenvolvimento de Lideranças | Empreendedoras | Palestrantes

Livro: A Primeira Segunda-feira – Após sua Carreira Executiva: Pós-carreira: Como Começar AGORA sua Preparação Para um Novo Ciclo Produto, Próspero e Positivo – O que acontece quando você encerra uma carreira executiva e acorda na segunda-feira… sem uma agenda lotada? Flavia e Maristela tratam com leveza, clareza e profundidade essa transição nem sempre fácil. O livro é um guia para planejar o pós-carreira com propósito, visão e, principalmente, ação. Porque encerrar um ciclo não significa parar — significa começar diferente.

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4- ⭐ Gustavo Sèngès

Country Leader @ HireRight | Senior Latam Executive | Career Advisor

Livro: Global workers: escolha seu melhor futuro: Trabalhe para as empresas mais inovadoras do mundo, seja bem remunerado e conquiste a sua liberdade – Trabalhar de qualquer lugar do mundo, com autonomia e boa remuneração, parece um sonho distante? Gustavo mostra que não. Com base em sua trajetória internacional, ele apresenta caminhos concretos para quem quer se tornar um talento global. É um guia realista e inspirador sobre o futuro do trabalho — que, na verdade, já é presente.

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5- ⭐ João Branco

#1 Profissional de Marketing mais admirado do Brasil | Professor | ex-CMO do McDonald’s | Conselheiro | Autor | Host do podcast Santa Correria |

Livro: Dê propósito: Coloque a intenção certa no seu trabalho e preencha sua rotina de satisfação e significado – Neste livro, João tira o propósito do pedestal e mostra como colocá-lo na prática. Com histórias pessoais e reflexões acessíveis, ele ensina a reconectar sua rotina com o que realmente importa — e como isso pode transformar o jeito que você enxerga o trabalho. Inspirador e pé no chão ao mesmo tempo.

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6- ⭐ Alê Prates

Educação Executiva | Palestrante e Escritor | Co-Founder FUTURIZE | +8.000 líderes treinados | +900.000 profissionais impactados

Livro: Não negocie com a preguiça: A prática do engajamento para o pleno desempenho – Nada de fórmulas milagrosas. Alê fala sobre esforço real, consistência e comprometimento com aquilo que você diz que quer. O livro é um chamado à ação — e também um lembrete: a preguiça não é sobre cansaço, mas sobre direção. Se você sente que poderia estar entregando mais (e sabe disso), esse livro é pra você.

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7- ⭐ Andréa Greco

Especialista e Influenciadora de RH | Palestrante Internacional I Recrutando os melhores talentos para sua empresa I Recrutamento e seleção I Outplacement I Escritora I Parcerias | Campanhas Publicitárias | Eventos

Livro: Conecte-se: Construa Relacionamentos que Vão Gerar Negócios, Parcerias e Manter sua Rede Aquecida – Networking não precisa ser forçado, nem automático. Neste livro, Andréa fala sobre relações profissionais com mais profundidade e humanidade. Ela mostra como construir conexões verdadeiras, que geram negócios, oportunidades e trocas duradouras. Ideal para quem quer cultivar uma rede sem perder a autenticidade.

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8 – ⭐ Adriano Lima

CHRO Global Minerva Foods | Autor Livro “Você em ação” | Colunista Revista Exame | Linkedin Creator | Board Member | Consultor de Startups e Investidor | Coach Executivo | Palestrante

Livro: VOCÊ EM AÇÃO – Inspire-se para Vencer – Um livro sobre parar de esperar o cenário ideal e começar a agir. Adriano combina inspiração com responsabilidade, provocando o leitor a sair do lugar. A mensagem central é clara: não dá pra terceirizar movimento. Se você quer transformação, tem que fazer por onde. Começa agora — com esse livro.

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9 -⭐ Izabella Camargo

LinkedIn Top Voice | Saúde Mental, Bem-Estar Corporativo e Produtividade Sustentável | Palestrante 4x TEDx Speaker | Escritora | Apresentadora | Facilitadora de Segurança Psicológica de Times e Gerenciamento do Estresse

Livro: Dá um tempo!: como encontrar limite em um mundo sem limites – Vivemos numa lógica acelerada, e Izabella acende o sinal amarelo. Ela escreve sobre cansaço, saúde mental e produtividade com humanidade e experiência própria. O livro oferece caminhos reais para desacelerar, se respeitar e encontrar equilíbrio. Um respiro necessário em tempos de urgência constante.

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10- ⭐ Luciano Santos (eu acho que mereço estar na lista, né?)

Autor | Sócio-diretor na Fluxus | Palestrante | Mentor | LinkedIn Top Voices | @lucianoresponde | Pai da Olivia

Livro: Seja egoísta com sua carreira: Descubra como colocar você em primeiro lugar em sua jornada profissional e alcance seus objetivos pessoais – Uma provocação necessária: e se você parasse de colocar sua carreira nas mãos dos outros? Neste livro, Luciano defende que ser egoísta não é se isolar, mas se priorizar. Com linguagem leve e firme, ele propõe uma mudança de mentalidade sobre ambição, propósito e escolhas profissionais. Um livro que cutuca — e liberta.

📕Conheça o livro aqui!


Boa leitura!

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Eu nunca achei meu propósito, e acho que não preciso dele. Você precisa?

“Em algumas atividades nós ganhamos o dinheiro que nos permite pagar as contas; noutras, nós encontramos o que mantém nossa sanidade. Às vezes, com muita sorte, conseguimos os dois num lugar só” – Padre Fábio de Melo

Volta e meia alguém me pergunta sobre como achar o seu propósito de vida. Esta é uma pergunta muito difícil para eu responder porque não tenho certeza se encontrei o meu. Em uma das vezes que estava refletindo sobre a questão, li a história de um colega sobre como a sua mãe estava com um começo de depressão em casa por causa da quarentena e, incentivada por ele, resolveu usar sua habilidade de costura para fazer máscaras e distribuir para a comunidade que mora. Ela mudou completamente de energia quando começou a fazer esse trabalho, se sentindo agora útil ao contribuir com algo importante e ajudar as pessoas ao seu redor.

Fiquei pensando: será que o nosso propósito é uma missão especial gigante que o universo vai jogar no nosso colo, ou a soma de pequenas coisas que fazemos e eleva o nosso espírito?

Quando pensamos em ter uma carreira feliz, quase sempre fazemos uma associação automática com o tal do propósito. Eu já recebi gente angustiada, sem fazer o que fazer, mostrando como o outro (“o inferno são os outros”, já dizia Sartre) têm e eles não e em uma busca quase louca para acharem seus propósitos, como se fosse o único caminho para encontrar algum tipo de satisfação profissional.

📒 esse texto é um trecho do livro ‘Seja Egoísta com sua Carreira’.

Eu vou além e afirmo que não somos apenas eu e você que não encontramos, a maioria esmagadora das pessoas nunca encontrou o seu. Com certeza há por aí mais uma Madre Tereza, um Buddha e alguns outros iluminados que acharam e tenho comigo que chegar lá é um evento raro de vida. Entretanto, isso nunca impediu que eu tivesse uma boa carreira, uma boa vida, ajudasse as pessoas e construísse um caminho em que posso olhar pra trás e ter orgulho. Caminho que no alto da minha maturidade profissional ainda me colocou em uma missão que continua a dar energia, me fazer acordar pela manhã e correr para ver o que os meus leitores escreveram, quais novas sessões de mentorias marcadas, a próxima palestra, os assuntos que quero matutar e como eu posso ter ainda mais impacto positivo na vida das pessoas.

Quanto mais eu penso nesse assunto, mais a mesma ideia me volta à mente: será que nosso propósito não seria ter uma vida que nos orgulhamos e uma carreira que nos faz sair da cama com energia e disposição? Será que o segredo disso tudo está, pelo menos para a maioria dos não Buddhas como eu e você, na jornada? Há uma passagem do livro Alice no País das Maravilhas que eu acho fantástica e que você já deve ter visto por aí em formato de meme umas mil vezes, mas vou colocar aqui assim mesmo:

Alice perguntou: Gato Cheshire… pode me dizer qual o caminho que eu devo tomar?

Isso depende muito do lugar para onde você quer ir – disse o Gato.

Eu não sei para onde ir! – disse Alice.

Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.

Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve. Isso é tão brilhante! Eu vou usar novamente uma licença poética para dizer que não qualquer caminho, mas o caminho que queremos fazer, o caminho que a nossa bússola interna diz pra ir, o caminho onde a luz do sol bate mais forte e a gente pensa: “é pra lá que eu vou agora mesmo”, mesmo sem saber o destino.

Eu não sei se você vai encontrar o seu propósito lá, mas, se tiver sorte como eu, vai se divertir muito na jornada. Aproveite o caminho.

📒 esse texto é um trecho do livro ‘Seja Egoísta com sua Carreira’, confira o livro na íntegra aqui!

Abraço,

Luciano Santos

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“Sua supervisora disse que você está doente e isso seria um problema para eu lhe contratar, mas queria ouvir de você antes.”

Essas foram as palavras do Fabio Cassio Costa Moraes lá no final dos anos 90, quando eu trabalhava em uma central de atendimento de telemarketing de um recém projeto que tinha sido lançado em uma parceria da Folha de SP e o grupo Abril, chamado UOL (hoje um dos gigantes da internet), no qual o Fábio era um gerente sênior recém chegado

Para vocês entenderem o que elas significam, e um pouco sobre a personalidade – e liderança – humana do autor do livro que vou falar mais abaixo, eu preciso dar um pouco mais de contexto.

Na época eu trabalhava como atendente de suporte ajudando os novos assinantes do UOL a conseguirem uma conexão com a internet com seus modems e linhas telefônicas (se você também estiver na casa dos 40 e poucos como eu, deve até ter se lembrado – e ouvido – o som característico do telefone fazendo a conexão), não era um trabalho particularmente difícil, mas eu morava longe e fazia faculdade ao mesmo tempo, tinha os horários todos quebrados com as aulas, às vezes plantões a noite na central e outras correrias da vida, que me faziam ter apenas quatro ou cinco horas para dormir por dia.

Eu achava que a falta de sono não seria um problema, mas, no longo prazo, qualquer violência com o nosso corpo – ainda mais algo tão importante quanto o sono – cobra um preço. Não demorou muito para a conta chegar: passei a ter crises de pânico em que eu, literalmente, “travava” e não conseguia me mexer e nem falar por alguns minutos. Tive uns dois episódios durante o meu expediente na empresa que me fizeram parar no pronto-socorro.

É aqui que começa a minha história com o Fábio. Ele foi contratado para montar uma operação de atendimento eletrônico, que na época consistia em dar suporte para os nossos milhares de anunciantes, que não paravam de chegar, via e-mail. Apesar de ser um trabalho parecido em essência, era dentro do horário comercial (sem mais plantões na madrugada e final de semana), não havia mais o contato telefônico e teríamos espaço para testar algumas automatizações e outras formas criativas de atender os clientes. Era claramente uma movimentação positiva e que foi muito disputada internamente.

Para entrar na área, era preciso saber escrever bem (eu cursava letras na época), ter razoável noção de inglês (eu tinha) e passar por uma bateria de entrevistas até chegar no papo final com o Fábio. Eu me joguei no processo, passei pelos filtros, por todas as entrevistas iniciais e estava prestes a ir para a etapa final.

Como quase tudo na vida, crescer traz desafios diretos e indiretos, eu encontrei um enorme. A minha supervisora à época achou que era relevante contar para o Fábio o meu histórico de saúde, e os episódios em que passei mal no trabalho, durante o processo seletivo para mudar de área. Não sei se por maldade, medo, ou até mesmo certa inexperiência em gerenciar pessoas, mas, com contexto do mundo que eu tinha, principalmente sobre como os líderes (chefes?) se comportavam, aquilo era um verdadeiro desastre. Eu tinha certeza ABSOLUTA que seria imediatamente reprovado quando soube que o novo gerente estava a par da minha situação.

Só que o nome desse gerente era Fábio, alguém que, mesmo com toda aquela influência externa jogando contra, tem um olhar diferente para as pessoas. Ele não olhava apenas o currículo, o momento, a dificuldade, mas sim todo o ser de forma integral e integrada, indo até mesmo para o nosso lado espiritual (seja lá o que isso signifique para você). Ele olhou o meu filme todo, não apenas a fotografia.

Voltando agora para a frase do começo da história: “Sua supervisora disse que você está doente e isso seria um problema para eu lhe contratar, mas queria ouvir de você antes.”

Eu gelei quando escutei essa frase saindo da boca dele, mas, mesmo contra o meu instinto e minha pouca experiência profissional que me dizia para tentar inventar algo, diminuir o que quer que a minha supervisora tivesse falado para ele, resolvi abrir o jogo e ser completamente sincero sobre a situação. Contei, com riqueza de detalhes, tudo o que estava acontecendo, as minhas crises, os episódios na empresa, o tratamento que eu estava fazendo para melhorar e até mesmo o nome do remédio que eu estava tomando. Depois de um pouco menos de 30 minutos de conversa, com o olhar paternal e doce que só quem conhece o Fábio sabe, ele virou e me disse: “eu não julgo as pessoas por casos isolados, se você está me dizendo que consegue fazer bem o trabalho eu acredito. Passou em todas as entrevistas e em todos os testes e tem um ótimo perfil para trabalhar aqui, seja bem-vindo para o time.

Eu fiquei em um certo estado de choque.

Apesar de estar muito feliz com a decisão e em dar um passo que considerava positivo na minha carreira, eu não conseguia entender como um gerente iria contratar uma pessoa “problemática” para a equipe. Honestamente? Se eu estivesse no lugar do Fábio naquele momento e com o meu conhecimento de mundo, eu provavelmente não o faria.

Na época eu era muito novo e pouco experiente quando o assunto era o mundo corporativo, havia tido apenas alguns poucos gerentes durante a minha carreira até ali e a maioria deles eram fãs da escola “eu grito, você obedece e é assim que o mundo gira”. Ter ali na minha frente um líder que parou para escutar a minha história, desconsiderou uma aparente tentativa de me desqualificar do processo, um problema de saúde e que, principalmente, confiou em mim, alguém que ele mal conhecia, era algo que eu sequer sabia que existia nesse mundo. Só anos depois eu fui entender que tive a sorte de cruzar com um grande líder humanizado, um que já falava sobre e praticava a humanização no trabalho décadas antes do tema estar em evidência e badalado como hoje.

Só que essa história não impactou apenas aquele meu momento de carreira, ela foi muito mais longe comigo. Depois que eu e o Fabio seguimos caminhos diferentes profissionalmente, nunca mais saí do mundo da tecnologia e trabalhei em grandes empresas – Google e Facebook sendo as mais expressivas – a maior parte como executivo. Numa dessas experiências, já como diretor de uma área de vendas, lembro de um dia em que uma das vendedoras do time me pediu para ter uma conversa meio de sopetão. Achamos uma sala vazia no canto do escritório e ela, sem conseguir conter o choro, contou que está enfrentando um grande desafio pessoal, de como isso tem afetado a sua saúde e da sua preocupação com os resultados daquele trimestre.

Eu me vi nela como se estivesse olhando para um espelho que remetia ao passado, como se fosse eu ali, na minha conversa com o Fábio, abrindo o meu coração com o medo de ser julgado, reprovado e excluído. Antes mesmo que ela terminasse de falar, eu a interrompi e fiz questão de dizer que estava tudo bem, que todos temos os nossos desafios, que nem eu, e nem a empresa, íamos julgá-la para um momento curto e que estamos ali todos em um jogo de longo prazo, que ela poderia contar comigo, com a empresa e com todos os colegas naquele momento.

Acho que essa foi uma das grandes lições que eu aprendi com o Fábio, não é só uma questão de olhar as pessoas de forma humanizada, que em si é muito importante, mas de lembrar que o trabalho e nossas vidas pessoas estão integradas, são inseparáveis, e que o que mais importa é o filme que vamos co-criar com todos que estão ao nosso redor, incluindo as empresas, e não apenas pequenos momentos e fotografias que não fazem jus ao todo.

Uma lição que eu levo para a minha própria vida e para todos que interagem comigo profissionalmente.

Quando eu olho para trás e penso nos grandes líderes e grandes profissionais que me inspiraram, o Fábio está lá entre eles em lugar de destaque. A semente da humanidade, de um olhar amplo sobre o ser, de que dá para fazer de forma diferente, cresce até hoje dentro de mim. O mundo corporativo não precisa ser um lugar de sofrimento, a nossa vida não precisa ser um lugar de sofrimento, podemos sim encontrar satisfação, felicidade e equilíbrio em nossas jornadas profissionais e pessoais. Eu acredito nisso.

O texto acima é, além da minha história pessoal, o prefácio do livro A Jornada do Eu Integral – Os Sete Grandes Caminhos para o seu Propósito, do professor Fabio Cassio Costa Moraes, que tive o privilégio de escrever. Eu recomendo duas coisas: sigam o Fabio e leiam o seu livro.

Que a leitura toque todos vocês de uma maneira única, assim como os ensinamentos do professor Fábio um dia me tocaram um dia. E que dê muitos frutos, tantos que vocês terão que dividir com outras pessoas ao seu redor.

Boa leitura.

Luciano Santos 

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Liderança não é privilégio, cargo bonito ou status, mas sim uma baita de uma RESPONSABILIDADE.

Quando assumi um dos meus maiores desafios como líder de um time espalhado por três escritórios da América Latina, uma das primeiras responsabilidades que tive foi contratar alguns gerentes para expandir a equipe.

Sempre fui, e sou, fã de contratar prata da casa, e o primeiro lugar que olhei em busca de talentos foi o time que eu gerenciava diretamente e também outras áreas que interagiam conosco. Depois de divulgarmos bem a vaga internamente, conseguimos levantar um bom grupo de candidatos e comecei o processo de entrevistas.

Já numa fase avançada da seleção, eu estava considerando dois profissionais para uma das vagas abertas quando algo curioso aconteceu. Duas pessoas me procuraram para dar feedback sobre um dos candidatos (mesmo o processo sendo, em teoria, confidencial). Os feedbacks foram bem parecidos: a pessoa era extremamente agressiva no dia a dia e já tinha dado muitos exemplos de falta de respeito com os colegas. Uma das pessoas que me procurou era uma possível futura subordinada do candidato e ela foi direta, dizendo que, se ele fosse o escolhido para a vaga, ela iria tentar uma transferência interna ou até mesmo considerar sair.

Curioso e um pouco chocado com o que escutei, resolvi validar a percepção com o atual gerente direto do candidato. Ele não apenas confirmou, como reforçou que, apesar do candidato ser um excelente profissional que entrega acima da média, era realmente tido como uma pessoa difícil de lidar, e esse foi o motivo dele nunca ter conseguido se mover para um cargo de gestão, que já tinha tentado três vezes.

O que você faria se estivesse no mesmo lugar? Quando eu trago este caso para discussão nos meus treinamentos de liderança, geralmente a resposta é rápida e curta: é só tirá-lo do processo.

Sim, este realmente é um motivo justo para reprovar um candidato, não há espaço para agressão e falta de respeito em um cargo de liderança, mas também era preciso dar feedback claro e transparente sobre o que aconteceu, e foi o que fiz. Eu chamei o candidato para uma conversa e fui brutalmente honesto sobre as coisas que apareceram e como ele precisava trabalhar naqueles pontos antes de assumir uma vaga de liderança. A resposta dele me surpreendeu ainda mais do que tudo que aconteceu: ele não sabia que as pessoas tinham aquela percepção.

Nos 3 anos em que todo este drama se desenrolou, ninguém, principalmente um dos dois gestores que teve — e que sabiam muito bem do que estava acontecendo — deu feedback. Ali estava eu diante de um candidato “bloqueado” para oportunidades por algo que ele não entendia e nem recebeu feedback sobre.

Depois da nossa conversa, o candidato absorveu totalmente o feedback, mudou radicalmente sua postura e hoje está sentado em uma cadeira de gestão em uma grande empresa de tecnologia.

Este caso mostra como um gestor mal treinado, que foge às suas responsabilidades, pode bloquear profissionais por falta de orientação e até mesmo destruir carreiras. Hoje, no meu papel de educador corporativo e mentor, eu vejo isso acontecer o tempo todo. Gestores que não sabem comunicar, que não sabem dar ritmo aos times, que não conseguem pensar em todas as partes que compõem o sistema corporativo, que não sabem criar uma cultura equilibrada e, o pior de todos na minha opinião, não sabem dar (e receber) feedback.

Esses gestores, ou, como diz um amigo meu, moedores de gente, estão em todas as partes. E o problema é bem pior do que parece. Eu fiz uma pesquisa com 6500 gestores com a seguinte pergunta:

“Depois que você se sentou em uma cadeira, já fez algum treinamento para liderar pessoas?”

Apenas 43% responderam que sim. Mais da metade dos gestores não recebem treinamento para lidar com as pessoas, e, os que recebem, às vezes o fazem de forma precária ou rasa.

Entenderam o tamanho do problema?

Quero fechar minha passagem aqui com dois pensamentos. O primeiro é para os líderes que estão nos lendo: se você escolheu estar em uma posição de gestão (liderança é uma escolha!), é sua obrigação ir atrás de conhecimento e preparação. Liderança não é privilégio, cargo bonito, status ou coisas dessa natureza, é uma imensa RESPONSABILIDADE. Se você decidiu assumir esta responsabilidade, cumpra com suas obrigações!

O segundo é para todos os liderados que vão, hora ou outra, cair na mão dos 57% de gestores mal preparados que inundam o mundo corporativo: você precisa aprender a lidar com eles, por mais difícil que seja. Não podemos obrigar as empresas a treinarem com excelência seus gestores, mas podemos entender a dinâmica do mundo corporativo, o papel dos chefes ruins, e navegar da melhor forma que pudermos.

Por isso, quando o professor Eberson Terra me convidou para escrever o prefácio do livro ‘Manual antichefe: Como enfrentar a toxicidade na gestão e não repetir os mesmos erros ao se tornar um líder’ (confere aqui), fiquei radiante! O prefácio é, inclusive, esse texto que você acabou de ler. Finalmente, alguém preparou uma ferramenta para que centenas de milhares de profissionais tenham uma forma de lidar com os chefes ruins.

Você vai precisar dela em algum momento da sua carreira, todos vamos. Não deixe de conferir o livro.

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O nome dessa foto é privilégio.

O nome dessa foto é privilégio.

Não é o privilégio de estar ali, mas o privilégio de levar minha voz e boas ideias (nem todas minhas) para milhares de pessoas do universo de RH.

Eu acredito profundamente no que faço. Acredito que o mundo corporativo pode ser um lugar incrível, que todos temos o direito de encontrar satisfação em nossos trabalhos, que gestores podem ser líderes (e não sabem como), que todo o jogo pode ser melhorado para benefício das pessoas e das empresas.

Se as pessoas se sentirem mais felizes no trabalho, o mundo ganha de formas que nem podemos imaginar.

Por isso, mais uma vez, me sinto um privilegiado por contribuir positivamente (eu tento!) para que isso aconteça.

Este ano estarei presente em vários eventos de RH (mais privilégio). A foto do post é do RH Summit 2024 e, já agradecendo o convite do Léo Kaufmann, estarei novamente este ano.

Quem quiser fazer parte dessa conversa, corre lá no perfil deles e garante o ingresso.

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Não precisamos enfrentar todos esses desafios sozinhos.

Outro dia, eu me peguei pensando como, na geração dos nossos pais e tios, era mais “fácil” gerenciar a carreira. Apesar de a tecnologia já ter começado a dar as caras e reformular o mercado de trabalho desde o “tempo” deles, a fórmula de sucesso no mundo corporativo, para a maioria, era bem parecida: entre em uma boa empresa, trabalhe duro, seja promovido algumas vezes e, décadas depois, vá desfrutar da sua aposentadoria.

Claro que havia (e sempre haverá) alternativas para o plano padrão, mas elas não eram nem de perto tão complexas como as alternativas e caminhos que temos no mundo de hoje. Na verdade, esse mundo é tão diferente que as gerações antigas sequer conseguem compreender como as pessoas trocam de emprego, empresa, camisa e cargos de forma tão frenética e frequente.

Se a gente pegar, por exemplo, a indústria em que eu trabalhei e me formei, de tecnologia, o tempo médio que as pessoas passam nas tais “big techs” (Google, Apple, Facebook etc.) é de menos de dois anos. Olha o contraste com aquele tio, que todos temos, que passou 20 ou 30 anos em um lugar até se aposentar!

Esse é apenas um pequeno exemplo de um mundaréu de coisas que estão mudando. A disrupção está em todos os lados: a tecnologia e a automação avançaram drasticamente, as habilidades necessárias para exercer o trabalho foram viradas de cabeça para baixo, cargos clássicos deixaram de existir, novas funções, com seus nomes modernos, surgem o tempo todo, e até mesmo a forma e o local de trabalho, que já não possuem mais estado definido nem fronteiras, passam por uma revolução.

Vou ser honesto com vocês: eu, hoje, da minha cadeira de especialista em carreira, chego a ficar angustiado quando recebo um mentorado que está totalmente perdido nesse mundão corporativo.

Com tantas coisas acontecendo, tantas mudanças, tantas possibilidades, tantos caminhos, por onde eu devo começar?

Não há resposta fácil para a pergunta acima, mas eu vou deixar duas reflexões:

A primeira delas é que precisamos, algo que a maioria dos nossos pais e tios conseguiu passar sem tanta necessidade, colocar energia no gerenciamento de nossas carreiras. É impressionante como, mesmo com tudo que está acontecendo, poucos profissionais param para refletir, entender, desenhar e influenciar os passos de suas próprias carreiras. Fazer isso pode ser a diferença entre alcançar o sucesso que gostaria — seja lá o que isso signifique para você — ou não. Eu prego aos quatro ventos que todos nós temos o direito de ter uma carreira que nos traga satisfação (se te servir, pode até encaixar a palavra felicidade aqui), mas, para isso, precisamos elevar o nosso nível de consciência sobre o que faz essa satisfação acontecer. Para mim, ela passa pela criação de uma forte mentalidade de entender que eu preciso buscar conhecimento e, de novo, colocar energia para o gerenciamento da minha carreira.

O segundo conselho, ainda mais poderoso, é que não precisamos enfrentar todos esses desafios sozinhos, não precisamos ficar reinventando a roda o tempo todo. Para cada ramo de complexidade que citei acima, há diversos profissionais incríveis que já viveram aquilo e alguns, que possuem alma de mentor, estão dispostos a compartilhar o conhecimento de forma mais estruturada.

Quando eu conheci o Gustavo Sèngès (sigam já!) em uma sessão de mentoria há algum tempo, na hora me dei conta de que estava diante de um desses. Durante nossas conversas, a forma apaixonada com que ele falava sobre o tal “novo mundo do trabalho” — esse lugar sem forma e fronteira definidas, com tantas oportunidades ainda a serem exploradas — era inspiradora.

Eu já tinha perdido a conta de quantos profissionais haviam me procurado nos últimos anos demonstrando seu desejo de trabalhar em empresas no exterior, mas sem necessariamente precisar ir embora do Brasil. Apesar da minha vasta experiência em aconselhar e mentorear esses profissionais, esse é um jogo novo, com seus caminhos específicos, atalhos, macetes e boas práticas que podem ser a diferença entre chegar lá ou não.

Por isso, assim que acabamos uma de nossas primeiras conversas, eu fui atrevido e categórico: Gustavo, você precisa colocar todo esse conhecimento em um livro; o mundo precisa dele! Ele não só escutou o meu conselho como, hoje, fico muito feliz com o nascimento do livro Global workers: escolha seu melhor futuro (conheça aqui!), com um método comprovado e testado que pode ajudar milhares de profissionais a atingirem suas aspirações profissionais e enxergarem oportunidades que sequer imaginavam que poderiam existir.

Que o livro o impressione, inspire e faça pensar — e agir — para conquistar o que quer que esteja em seus pensamentos e coração.

Esse texto é, inclusive, o prefácio do livro, que tive o prazer de escrever.

Boa leitura!

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Feedback: você não tem presença executiva

“Ele acha que você não tem presença executiva.”

Há alguns anos, escutei isso do meu gerente, que escutou isso do gerente dele quando foram discutir minha potencial promoção naquele ciclo. Na época, não entendi muito bem o que aquilo queria dizer e pedi exemplos, sugestões do que eu poderia fazer para melhorar a tal da presença executiva e dar o próximo passo.

Não veio muita coisa. Tentei me vestir melhor, prestei mais atenção na maneira como me comunicava internamente, mudei de postura com os clientes e coloquei muita energia para tentar evoluir naquele ponto. Não adiantou. Na próxima conversa de carreira que tivemos, lá estava ele novamente: “ainda precisa melhorar a presença executiva”.

Hoje, olhando em retrospectiva, percebo que recebi o que chamo de feedback insignificante.

“Luciano, mas que bicho é esse?”

É o feedback sem conteúdo, sem exemplo, sem sugestões de como podemos melhorar e, geralmente, fruto da percepção particular que alguém teve de você. Ele é terrível porque, depois de recebê-lo, simplesmente não sabemos o que fazer para melhorar.

Sabe o que eu fiz na época? Mudei de time. Uma vaga interna abriu, apliquei, e em alguns meses estava em outra área e sob outra liderança. Não demorou muito para eu conquistar minha promoção e dar mais um passo na minha carreira rumo ao lugar onde estou hoje.

Eu provavelmente nunca conseguiria mudar a percepção que tinham sobre mim e minha falta de “presença executiva” na outra área, mas tem algo que eu sempre posso mudar: eu decido onde quero estar.

Deixo esse conselho para todo mundo: se o seu chefe, o chefe dele, ou qualquer outra coisa não te deixar crescer, mude.

Mude quantas vezes for necessário.

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Fale para o seu time que está tudo bem

Esses dias uma pessoa da minha equipe nos contou que está grávida. Onde eu trabalho o nascimento de bebês é motivo de grande alegria e ficamos todos muitos felizes por ela. Eu, pai que sou, nem disfarcei a minha empolgação. Sempre falo pra todo mundo que ser pai foi o melhor e mais desafiador momento da minha carreira.

Quando nasceu a minha pequena, tanto o meu gerente quanto a empresa foram sensacionais. Eu tive quatro meses de licença paternidade e o total apoio do meu líder. Ele me deu muita flexibilidade para usar esse período como eu quisesse e fez uma coisa que mostrava bem o bom líder que ele é: deixou claro que essa pausa não iria interferir na minha carreira, nos meus projetos e nem no meu crescimento.

Contudo, eu sei que isso não é a reação comum no mercado. Longe disso. Ainda temos muito preconceito – velado ou não – para quem embarca nessa jornada.

Principalmente para as mulheres.

Por isso fiz questão de dizer duas coisas para a futura mamãe do meu time: que eu estava muito feliz pela notícia e pela chegada de um novo pequeno no nosso time e que ela está em uma das melhores empresas do mundo para se ter um filho.

Eu queria que ela escutasse de mim, o líder do time, que está tudo bem. Depois, fui além. Em uma conversa sobre o seu futuro disse que sua carreira nunca seria prejudicada por isso, que ela poderia ter o seu pequeno em paz e saber que, quando voltar, vamos recebê-los de braços abertos.

Por que eu fiz isso?

Porque, como contei, já estive do outro lado dessa história em menores proporções e sei que o mercado é cruel com as novas mães. Se você é uma, com certeza sabe do que estou falando. A demissão na volta da licença maternidade, as perguntas indiscretas sobre filhos nas entrevistas e a remoção de cargos/responsabilidades porque agora você é uma mãe.

E o mercado não é apenas cruel com as novas mães, ele é cruel com qualquer circunstância que o tire da grande ilusão do funcionário “perfeito” e presente o tempo todo.

Esses dias me escreveu uma pessoa que não sabia o que fazer ou como falar com o seu gerente. O motivo? Ele foi diagnosticado com depressão e ia começar um tratamento que envolveria ficar um tempo fora. Estava absolutamente apavorado em ter que abrir a história para a empresa e sofrer algum tipo de retaliação ou até mesmo ser demitido mais para frente.

Quando eu perguntei porque ele achava que isso poderia acontecer, não sabia me dizer. Falamos um pouco e ele me contou alguns casos em que a empresa foi bem parceira em situações parecidas e ofereceu todo o suporte necessário. Contudo, não sabia se o mesmo aconteceria com ele e o pensamento em perder o emprego o apavorava.

É aqui que entra o papel do líder.

Diga para o seu time que está tudo bem.

Seja pela boa notícia de que um novo membro da família vai chegar, pelo infortúnio da doença ou qualquer outro evento inesperado (ou não) da vida. Quando isso acontecer com alguém do seu time, seja o primeiro a chamar a pessoa para uma conversa e diga que está tudo bem. Explique quais os prováveis cenários que podem acontecer e como vocês estão do lado dele nessa jornada.

Escutar isso da boca do líder do time não é apenas

reconfortante, pode ser a força, alívio ou palavras necessárias para passar por aquela fase.

Eu tive um líder que fez isso comigo, hoje faço isso com minha equipe e espero o mesmo de qualquer gerente que esteja no meu time. Quero que todos saibam que está tudo bem, que somos um time e estamos juntos para o que der e vier.

Se você também está em um papel de liderança, nunca esqueça de dizer isso para o seu time: está tudo bem. Talvez seja isso que eles precisam escutar em um momento delicado.

O seu time nunca esquecerá disso.

:: Artigo originalmente publicado na Revista HSM, onde escrevo mensalmente para a coluna Divã Corporativo.

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Seja uma pessoa plural

Durante algumas mentorias rápidas que participei na semana passada, deparei-me com dois casos que me fizeram pensar sobre a importância de ser uma pessoa plural. 

O primeiro é o de uma pessoa que não sabia se deveria colocar um longo curso de teatro que fez no currículo. Teatro era uma de suas paixões e ele investiu muitos anos atuando e estudando – agora não tem certeza se colocar todo esse conteúdo no seu currículo é algo que vai ajudar ou atrapalhar.

O segundo de um especialista em marketing digital. Ele tem muita vontade de crescer e se desenvolver, separa grande parte dos seus recursos e tempo para estudar e fazer muitos cursos. Quando falamos sobre quais cursos ele faz, me disse que apenas os que são relacionados com a sua área pois não quer desperdiçar tempo e dinheiro com algo que não irá ajudá-lo na carreira.

De um lado, o medo de alguém em falar que possui outros interesses fora da área de atuação profissional e, do outro, o foco apenas nela. Qual foi o meu conselho para eles? Para o primeiro, disse que tudo que fazemos na vida traz algum aprendizado e habilidade, que não deveria ter vergonha de suas experiências. Ao contrário, deveria colocar sua paixão em lugar de destaque no seu currículo. 

Eu sempre digo que nosso currículo deve ser quem a gente é, não apenas o que a gente quer. Para o segundo, o desafiei a pensar em quais coisas fora da área de marketing digital ele precisava aprender, se desenvolver e melhorar. Em um exercício rápido, chegamos em várias.

Para ambos também falei sobre algo que venho pensando e recomendando bastante nos últimos tempos: seja uma pessoa plural.

O perigo de ser singular

É perigoso dedicar a maior parte da nossa energia profissional apenas em uma dimensão sem considerar o todo, em especial para o que pode acontecer lá na frente. Há alguns anos recebi o depoimento de um ex-diretor de marketing.

Ele trabalhou 15 anos para a mesma empresa e se dedicou totalmente a ela e a seu cargo. Durante todo esse tempo, não estudou inglês, não estudou nada relativo a sua área e não fazia outra coisa que não fosse levantar para executar seu cargo atual com o conhecimento que já tinha.

Um dia, em um momento que a empresa precisou enxugar a folha de pagamento, foi demitido. Quando isso aconteceu e tentou se recolocar, a dura realidade bateu: estava desatualizado e não seria nada fácil voltar a ter o cargo e o salário que tinha antes. 

Na última vez que falei com ele, dois anos depois de ter perdido o emprego, ainda não tinha se recolocado e estava tentando se reinventar.

Essa história ilustra bem o preço que podemos pagar por pausar ou parar o nosso desenvolvimento, que deve ser contínuo e diverso.

As vantagens de ser alguém plural

Quando a gente tem interesses e conhecimentos diversos, isso tem impactos que nem imaginamos na nossa vida. Surgem novas possibilidades de emprego, a opção de empreender e aumento drástico do nosso networking pessoal que pode trazer uma série de outras oportunidades.

Acho que quase todos nós conhecemos alguém que decidiu sair (ou foi saído) para empreender em algo que antes era apenas a sua paixão. Eu vi muitos casos ao meu redor: uma blogueira que abriu uma empresa de produção de conteúdo, uma apaixonada por pães que abriu uma padaria de sucesso e um colega que era fascinado por videogames antigos que abriu uma empresa de reparo e recondicionamento dos equipamentos. 

Tenho certeza que você teria outras histórias para alongar essa lista. Agora imagine se essas pessoas não tivessem perseguido suas paixões pessoais? Será que não teriam o mesmo destino do ex-diretor da história acima? 

Um outro aspecto importante de ser plural é o aumento do seu networking pessoal. Eu tenho algumas paixões, entre elas o Yoga. Durante as práticas, os retiros e outros eventos relacionados fiz amigos e conheci um monte de gente interessante. 

Certa vez, ao terminar uma aula em uma escola nova, ficamos conversando em um grupinho e trocando informações. Quando mencionei que trabalhava em uma empresa de tecnologia, uma das pessoas disse que adoraria trabalhar lá. Peguei seu currículo e fiz uma indicação. Depois de dois meses, após uma maratona de entrevistas na qual que ele mandou muito bem, o encontro foi no corredor da firma, já como colegas de trabalho. 

Cada novo interesse, por mais exótico ou afastado da sua área de atuação, conecta você com pessoas diferentes, contribuindo com a ampliação do seu círculo de contatos.

O networking que construímos impacta enormemente as oportunidades que teremos no futuro. Portanto, não investir nele significa diminuir drasticamente estas possibilidades. Ser uma pessoa plural e ativa em adquirir novos conhecimentos e experiências irá fazer com que seu networking cresça de forma saudável e natural. É a situação perfeita.

Seja uma pessoa plural

Invista na sua pluralidade, seja estudando teatro, se aprofundando em uma paixão pessoal, experimentando coisas novas, buscando ter uma vida mais saudável (deixo a dica de experimentar Yoga) ou qualquer outra coisa que faça você pensar, interagir com pessoas e aprender. Além de melhorar a sua empregabilidade, estas atitudes podem trazer a você mais energia e felicidade. Boas experiências!

:: Artigo originalmente publicado na Revista HSM, onde escrevo mensalmente para a coluna Divã Corporativo

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A magia do olho no olho

Um líder com quem eu trabalhei dizia que 99% das mazelas no trabalho eram causadas por problemas de comunicação (ou a falta dela). Esse número não veio de qualquer pesquisa ou estudo a respeito do assunto, mas de um olhar sábio de alguém observador e com muita experiência corporativa.

Eu concordo 100% com ele.

Outro dia eu me vi pego em uma discussão por e-mail, acho que havia umas cinco ou seis pessoas copiadas nele. Um dos personagens estava questionando o lançamento de um processo novo que potencialmente causaria trabalho adicional para o seu time de vendas e envolveu sua diretora na mesma conversa. O criador do processo respondeu dizendo que ele não sabia interpretar a mudança e que não via o motivo de tanto alarde. Então, a diretora entrou com sua opinião, outro analista também e, três horas depois, já eram mais de dez respostas – cada uma dizendo uma coisa e com um claro conflito entre áreas.

Comecei a ler e desisti. Respondi a todos que discutir aquilo por e-mail não fazia sentido e sugeri uma reunião de 30 minutos para nos entendermos e resolvermos a questão.

A magia do olho no olho

A reunião aconteceu alguns dias depois da troca de e-mail. Pedi para a pessoa explicar qual o problema com o novo processo, como ele poderia impactar o time e qual seria a sua sugestão para resolvê-lo. Ele explicou, deu detalhes, ilustrou com um exemplo de algo parecido no passado e sugeriu uma pequena mudança no processo para evitar que o problema acontecesse. Quando ele terminou, eu escuto do outro lado (era uma videoconferência) – “ah, não era isso que eu tinha entendido. Eu concordo, podemos sim mudar isso pois não irá afetar o resultado final que esperamos”.

Isso aconteceu em dez minutos, passamos os outros vinte apenas alinhando os próximos passos e as datas para a implementação.

Os problemas de comunicação

Eu vejo uma série de pequenos problemas na primeira parte da história acima: 

1) Não existiu uma reunião para o lançamento do novo processo e nem uma postagem no grupo interno; 

2) O questionamento da mudança foi feito por e-mail, uma ferramenta muito ineficiente para se resolver conflitos ou questões importantes; 

3) Pouca vontade dos dois lados em querer entender o que estava acontecendo. O foco era ter razão.

E vou colocar o quarto ponto separado por considerar o mais importante: a falta do olho no olho.

Nós recebemos tantos e-mails, tantas mensagens no nosso dia a dia que consumi-las e respondê-las pode se tornar algo frio e impessoal, além da dificuldade de cada um se entender em palavras, visto que temos maneiras diferentes de comunicar e interpretar.

Isso não acontece quando sentamos, olhamos uns para os outros e conversamos sobre o que está acontecendo. É mais eficiente, pessoal e garanto que a resolução será muito mais rápida do que qualquer outro meio.

Abuse da comunicação e dos canais para fazê-la

Essa história ensina muito. Comunicar mudanças importantes apenas por e-mails e postagens não é a melhor forma – eles devem complementar a comunicação principal. Além desses canais, faça também um comunicado por reunião, videoconferência ou apresentação. Algum formato “olho no olho”.

Garanta que haja espaço para que as pessoas possam perguntar e trazer suas preocupações sobre o que está mudando. Muitas vezes o que é claro na nossa cabeça não vai necessariamente ser na cabeça do outro.

Além disso, se algum questionamento foi levantado e o conflito surgir, prefira trazer todos os envolvidos para um bate papo e escute atentamente as preocupações do outro lado. Pode ser algo que irá enriquecer a ideia original.

Peque pelo excesso

Esse mesmo chefe sempre dizia que “repetição não estraga a prece”. Então, se tiver dúvidas de que a mensagem ainda não ficou clara, repita. Repita quantas vezes forem necessárias para que todos saibam o que está acontecendo, em especial a audiência que será afetada. Aprendi que é melhor alguém reclamar de uma reunião a mais do que administrar os problemas causados pela ausência dela.

E como dizia o saudoso Chacrinha: “quem não comunica, se trumbica.”